O chifre glacial retumbou, e Nex sentiu um surto de energia percorrer o seu corpo, convergindo no crepitante indefeso sob as suas garras. Com um grunhido patético, ele implodiu e virou fumaça.
Elas não tinham imaginado que a batalha seria assim. O plano, pelo que Carbona sabia, era de simplesmente chegar, tomar o Monólito e partir. Agora elas estavam lutando contra criaturas de outro universo, e não se via nem sinal de Zaros.
Carbona respirou fundo e levou o chifre glacial aos seus lábios mais uma vez. Porém, naquele mesmo instante, uma garra sombria gigante penetrou o véu de fumaça, derrubando-a com um só golpe. Uma fera de pura sombra, reminiscente dos chthonianos, ergueu-se sobre ela, tapando o pouco sol que ainda podia se ver.
"Carbona!" Nex gritou no momento em que a outra garra da criatura ia desferir um golpe.
Por uma fração de segundo Carbona conseguiu se desviar da garra, que abriu violentamente um sulco na terra, deixando gavinhas tenebrosas por onde passou. Aí veio o clarão. Carbona cobriu o rosto com a mão, e a criatura rugiu em agonia.
"Tenha cuidado!", exclamou Saradomin de algum lugar atrás delas. "É mais poderosa que as outras!"
Como se Carbona não tivesse percebido... Com a criatura distraída, ela se levantou em um pulo e ergueu o chifre glacial mais uma vez. A criatura preparou-se para desferir um golpe, mas do nada uma esfera sombria colidiu com o seu peito. Ela deu um uivo de fúria, virando-se para a origem da sua dor: Nex. Nex se lançou ao ar, preparando um segundo ataque. Saradomin atirou de novo um raio na fera, fazendo com que ela cambaleasse, mas sem cair.
"Que espécie de criatura é essa que vocês evocaram?", ele bradou.
"Um glutanpopótamus sombrio", Nex retrucou. "Mas nós não a evocamos."
"Então 'simplesmente' deixaram-na passar pelo portão", respondeu Saradomin. "Cuidado!"
Emitindo um rugido, ou talvez um grito, o monstro sacudiu-se da cabeça aos pés, lançando gotas oleosas e pontiagudas de sombra em todas as direções. Carbona desviou-se delas com facilidade, preparando-se mais uma vez à medida que elas se juntavam para formar pequenos e furiosos crepitantes sombrios.
Antes que ela pudesse atacar, uma esfera sombria voou à velocidade máxima contra eles e os dissolveu instantaneamente. Carbona recuou, incomodada, e gritou para Nex:
"Foco no glutanpopótamus!"
Com um sorriso malicioso, Nex fez exatamente isso, mergulhando para atacar o monstro diretamente. Outro crepitante surgiu de uma poça aos pés de Carbona, e ela partiu para o ataque, disparando uma rajada de chamas contra ele assim que um terceiro crepitante apareceu.
O ar estalava e chiava de tanta energia mágica. A criatura uivava enquanto Nex e Saradomin minavam suas forças com um feitiço após o outro.
"Temos que mantê-la longe das linhas de frente!", gritou Saradomin.
Nex olhou por cima do ombro para um pequeno grupo de humanos pelejando para acabar com um crepitante sombrio debilitado.
"Concordo", ela disparou, atraindo o glutanpopótamus de volta para o Monólito. O fragmento das sombras nas profundezas do seu coração batia forte com a adrenalina, ansioso para atacar.
Como se tivesse lido a mente de Nex, Carbona tocou o chifre glacial mais uma vez enquanto Nex batia suas asas. Uma fumaça cáustica envolveu o monstro enquanto ele desferia golpes furiosos, porém inúteis, contra o ar do local onde Nex estivera segundos atrás.
A fera pareceu se encolher e estremecer, quase entrando em colapso sobre si mesma. Nex pousou ao lado de Saradomin, aproveitando a oportunidade para tomar fôlego.
"É bom ver você arrumando a sua própria bagunça", disse Saradomin, desconfiado.
"A luta ainda não terminou", resmungou Nex. O glutanpopótamus sombrio levantou-se com dificuldade novamente, rosnou e deu uma guinada em direção a eles. Seu enorme corpo tremeluziu e, em seguida, desapareceu completamente. Invisível.
Nex se virou para o deus.
"É sua vez. Boa sorte."