"De onde eles vêm?" Saradomin exclamou enquanto lançava um raio mágico através do torso de um glutanpopótamus sombrio. A criatura estremeceu e rosnou, porém continuou irredutível no seu caminho em direção aos exércitos de mortais.
"Menos conversa, mais luta." Nex silvou, lançando-se para o ar na tentativa de desviar a atenção do glutanpopótamus.
Após três semanas de uma batalha praticamente sem descanso, todos estavam exaustos. Até mesmo com o poder do chifre glacial, cada novo colosso exigia todos os seus recursos para ser abatido – e se Nex não estivesse enganada, eles estavam ficando mais fortes.
Na última vez que ela ouviu qualquer coisa sobre os glutanpopótamus sombrios, eles foram descritos como habitantes do reino sombrio mais profundo – mas agora, após lutar contra alguns e sondar a diferença entre os seus poderes e o deles, ela começou a questionar se estes vêm de algum outro lugar. Outro lugar ainda pior.
"Nex!" Carbona chamou, em algum lugar abaixo. Nex mal teve tempo para olhar para baixo antes que uma garra extensa e quase invisível a abatesse dos céus, levando-a a desmoronar em direção ao chão. Ela estava cansada. Descuidada. Esta era uma guerra de atrito, e eles estavam perdendo.
Atordoada, Nex se levantou. A própria terra parecia tremer enquanto o glutanpopótamus rugia e avançava na sua direção. Ela preparou um ataque – uma bola sombria ou três dariam conta – e então cambaleou sem equilíbrio.
"O que é agora?" Gritou Saradomin. Não era só a imaginação de Nex no fim das contas – o chão estava tremendo, e até mesmo rachando. Uma onda de calor a tomou enquanto a terra se dividia e o glutanpopótamus uivava, deslizando inevitavelmente para o interior do abismo.
Uma garra obsidiana brilhante surgiu na beirada, seguida por outra – e então, com um baque duro, uma criatura como Nex jamais vira se ergueu para fora do fosso.
Nós somos TokHaar", a criatura disse, "Este corpo é TokHaar-Hok, que fala por todos. Nós viemos exterminar os invasores."
Nex apenas assentiu, deslumbrada. Ela já ouvira sobre os TokHaar – em lendas, nos relatórios de inteligência de Azzanadra – porém ela nunca imaginou que veria um por conta própria.
"Inacreditável", Saradomin exclamou, flutuando para se juntar a eles, "O Guardião do Mundo conseguiu."
TokHaar-Hok eriçou-se, virou, e disparou um jato de chamas no glutanpopótamus, que lutava para sair do fosso. A criatura uivou e se debateu, e por fim, em um golpe desesperado de sombras e garras, lançou-se em direção a seu algoz, agarrando o TokHaar-Hok pela cintura e arrastando qualquer parte que pudesse agarrar para dentro do fosso enquanto caía.
Nex e Saradomin observaram em silêncio, surpreendidos. Um rocha – que talvez fora parte de um braço – caiu no chão com um baque leve.
"... achei que ele seria mais eficiente", Nex proferiu.
Então o chão retumbou novamente. A pilha de rochas que fora TokHaar-Hok estremeceu e tilintou. O calor se intensificou. Saradomin deu um passo para trás. Nex mostrou os dentes.
Uma garra obsidiana brilhante surgiu na beirada, seguida por outra, e mais outra, e mais outra. Onde um TokHaar havia perecido, outros cinco se levantaram. O menor dos cinco correu até a pilha de cascalho e começou a juntá-la. O maior deles deu um passo à frente.
"Nós somos TokHaar-Hok," ele disse, "Não se preocupem. O corpo é facilmente substituído."
As criaturas levantaram os braços, entoando um cântico em uma língua primordial que Nex não pudera identificar. Com um último uivo desesperado do glutanpopótamus, o grande abismo se fechou, não deixando nada para trás senão terra chamuscada e o cheiro de sombras em combustão.
A maior das criaturas se voltou para eles.
"Este lugar está tomado por impurezas," ela disse, girando preguiçosamente sua garra gigantesca.
"Nós iremos eliminá-las."